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ALZHEIMER

Assim como a palavra, não é fácil de lidar com essa realidade. Meu lindo paizinho, 84 anos, homem sempre rigoroso, astuto, orgulhoso... As lembranças que tenho mais intensas de meu pai são sua determinação em relação à aprender, sua curiosidade frenética em relação à ciência (meu pai trabalhou anos como técnico de laboratório no Instituto Osvaldo Cruz no RJ), sua luta pra ser um homem de bem, respeitado e de palavra (ele é do tempo em que um Homem a tinha...)...
Sabe aquele Homem de bem??? E porque não dizer também: do bem???
Curioso e determinado estudou somente após criar seus irmãos, seus filhos e quando a gente já era adulto, pois sua meta maior era ver os filhos como pessoas realizadas, diplomados e felizes, só então, terminou os estudos, cursou espanhol e dedilhava um violão apaixonado...
Lembro das muitas vezes em que dormi ao som de seus acordes... mesmo antes de completar os estudos, fazia questão de saber música e nos fazer herdar o gosto pela mesma...
E hoje...
Bem, hoje vejo meu paizinho usando fraldas, não lembrando como se leva a colher até a boca, sem noção da necessidade de um banho, dentes limpos e roupas idem...
Vejo que apesar da luta pra nos passar valores e gostos musicais apurados, não sobrou a mínima memória pra curtir essas conquistas...
Doença cruel!!!!! Pior, é genética!!!!!!! Corroe sua mente, faz uma devassa no seu cérebro e apaga da sua mente tudo que vc ensinou aos seus filhos e se torna um ser completamente dependente, assim como um bebê...
Meu netinho de 3 aninhos já fala pra ele: Vovô, vc não pode fugir... entra, vai pra casa que a vovó está lá... (suspiro...)
Passei esse fds ao seu lado, literalmente falando... Dei banho, escovei dentes, alimentei, dei carinho (e recebi...) e chorei silenciosamente ao vê-lo dedilhar o violão que minha filha havia deixado sobre a cama... com um esforço enorme, via que buscava no fundo da memória os acordes que me embalaram inúmeras vezes nas tardes de domingo.... (continua...)

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... farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz... Clarice Lispector
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